quinta-feira, 12 de julho de 2012

Shake it out :D

Bem, ao que parece Dublin arruinou com a Florence Welch. É verdade, a querida vai faltar ao Alive por problemas de garganta "decorrentes de um concerto na Irlanda". E eles aqui não fazem encore, imagine-se o que seria se fizessem!

Verdade, último fim de semana, mais música, mais concertos, mais lama (muito mais lama desta vez!), mais alegria. Temper Trap, Florence and the Machine e Snow Patrol. Três bandas de que gosto muito, três bandas que me surpreenderam pela positiva. Surpreenderam-me sobretudo porque não é fácil galvanizar o público irlandês e elas estiveram perto.

Sounds weird, ha? Tendo em conta que a esmagadora maioria dos meus posts realça a boa disposição, a simpatia e o calor deste povo, não seria de esperar uma atitude tão fria e tão desinteressada quando estão a ouvir ao vivo uma voz tão intensa e arrepiante como a do Dougy Mandagi (vocalista dos The Temper Trap), por exemplo. Só estranhei nos primeiros cinco minutos de concerto, a resposta afigurou-se bem clara logo a seguir: o álcool ainda não era suficiente.

O público neste festival era bem diferente do "Body&Soul", onde estive há umas semanas. A diferença começa logo na média de idades e isso muda tudo. É natural ver em Dublin crianças com 15, 16 anos sairem à rua praticamente despidas, seguindo o objectivo deliberado de beberem até cair, de maneira que assim que entrámos percebemos que estar naquele recinto era apenas mais uma forma de apanhar uma bebedeira, de exibir os dez kg de maquilhagem na cara, de mostrar ao mundo as novas galochas com tartarugas e joaninhas tão úteis para saltar na lama e polvilhar a multidão à volta com pepitas de terra molhada.

A certa altura é irritante, admito. Fui ali para ouvir música, boa música, música de que gosto realmente e a  senti-me em mais um pub, onde toda a gente bebia descontraidamente a sua pint como se nada de mais em especial estivesse ali a acontecer. Apeteceu-me gritar "Hey, o homem tem uma voz inacreditável, importam-se de me deixar ouvi-lo melhor um bocadinho por favor?!".

É claro que o ambiente de Irish Pub que se viveu durante o concerto dos The Temper Trap, a primeira banda a tocar, se foi alterando à medida que o álcool ia subindo à cabeça de miúdos e graúdos. Florence and the Machine arrasaram, em grande parte devido à incrível presença em palco da Florence Welch que, essa sim, conseguiu por a saltar mesmo os irlandeses que ainda não estavam ébrios (e que também não eram muitos, diga-se). Mas mesmo assim, nada de encore. Não vale a pena, ninguém pede, ninguém parece ligar. Não há público como o português.

Snow Patrol falaram ao coração dos presentes. Até o pai do vocalista subiu ao palco (arrancando-me umas lágrimas, devo confessar!). O problema é que, sendo os últimos a actuar, os Snow Patrol tiveram direito à audiência mais alcoolizada do dia. E oh! encore!!!!! O primeiro a que assisti na Irlanda!

Para eles foi com certeza fantástico ver aqueles milhares de pessoas a saltar e a gritar descontroladamente, enquanto cantavam todas as músicas (lá nisso, concedo-lhes o mérito por saberem as letras todinhas de cor!). Para nós, sóbrios, é que foi mais complicado aguentar a euforia exagerada dos irlandeses que insistiam em pendurar-se uns nos outros, em dar enormes quedas em grupo e em incitar moches. O som de Snow Patrol nem sequer é assim tão pesado, é? Enfim, acho que é uma questão de prática.

É assim que eles são. No alcohol, no fun. E nós nada mais podemos fazer do que ser Romanos em Roma.

Em todo o caso, foi um dia muito bem passado. E inesquecível, por ter representado muito mais do que um dia de concertos.

Até já;)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Balanço, balancinho, balancete

Two months are gone.

Dois meses que não vi, que não senti, que não me deram tempo nem espaço para pensar. As horas fogem de mim, escapam-me por entre os dedos. Acho que concorrem para que se torne quase um desafio vivê-las intensamente, porque fica tudo na minha mão: quero saborear cada momento, memorizar cada lugar, sentir cada cheiro como se fosse a última vez. E os dias teimam em correr, em não deixar espaço a reflexões. Não que elas sejam necessárias. Eu é que gosto delas, sempre gostei. É por isso que este blog existe.

Debruço-me então sobre o balanço a fazer do que por aqui tenho vivido. O choque e a euforia iniciais já deram lugar à tranquilidade de ir podendo chamar "casa" a um lugar onde nunca tinha estado antes. Aos poucos tudo se torna familiar. Vou-me habituando ao trânsito pela esquerda, à chuva incessante, à música alta por toda a cidade, à minha bicicleta e às aventuras de percorrer com ela o centro da cidade sem me enganar no sentido da estrada. Vou tendo também que me habituar a um novo escritório, novas pessoas, novas rotinas, novos timings.

Mas o que mais mudou nestes dois meses foram os laços criados. Mais fortes do que o tempo volvido poderia deixar supor. São estes laços que nos fazem passar do tipo de pensamento "nada tenho a perder" para a dúvida "e agora se eu perco isto?". As pessoas à nossa volta constroem o nosso mundo, aquele em que mais queremos viver e Dublin tem-me trazido pessoas memoráveis, pessoas boas, pessoas que não quero perder. De repente aprendemos que não sabemos ser assim tão independentes, assim tão autónomos. Precisamos de um abraço de conforto, de uma piada que nos faça rir descontroladamente ou da disponibildade total de alguém para nos sentirmos aconchegados. Para que tudo se torne, como disse, um bocadinho mais "casa".

Dessa, a original, o lugar para onde posso sempre voltar, acumulo saudades todos os dias. Mas também acumulo força e um estímulo enorme por saber que as "minhas pessoas" lá estão a torcer por mim e a esperar, de braços abertos, pelo momento em que eu voltar.

Dublin é, assim, alegria, expectativa, conforto, amizade, amor e saudade (não a temos todos, Portugueses?)

Até já;)