sexta-feira, 6 de julho de 2012

Balanço, balancinho, balancete

Two months are gone.

Dois meses que não vi, que não senti, que não me deram tempo nem espaço para pensar. As horas fogem de mim, escapam-me por entre os dedos. Acho que concorrem para que se torne quase um desafio vivê-las intensamente, porque fica tudo na minha mão: quero saborear cada momento, memorizar cada lugar, sentir cada cheiro como se fosse a última vez. E os dias teimam em correr, em não deixar espaço a reflexões. Não que elas sejam necessárias. Eu é que gosto delas, sempre gostei. É por isso que este blog existe.

Debruço-me então sobre o balanço a fazer do que por aqui tenho vivido. O choque e a euforia iniciais já deram lugar à tranquilidade de ir podendo chamar "casa" a um lugar onde nunca tinha estado antes. Aos poucos tudo se torna familiar. Vou-me habituando ao trânsito pela esquerda, à chuva incessante, à música alta por toda a cidade, à minha bicicleta e às aventuras de percorrer com ela o centro da cidade sem me enganar no sentido da estrada. Vou tendo também que me habituar a um novo escritório, novas pessoas, novas rotinas, novos timings.

Mas o que mais mudou nestes dois meses foram os laços criados. Mais fortes do que o tempo volvido poderia deixar supor. São estes laços que nos fazem passar do tipo de pensamento "nada tenho a perder" para a dúvida "e agora se eu perco isto?". As pessoas à nossa volta constroem o nosso mundo, aquele em que mais queremos viver e Dublin tem-me trazido pessoas memoráveis, pessoas boas, pessoas que não quero perder. De repente aprendemos que não sabemos ser assim tão independentes, assim tão autónomos. Precisamos de um abraço de conforto, de uma piada que nos faça rir descontroladamente ou da disponibildade total de alguém para nos sentirmos aconchegados. Para que tudo se torne, como disse, um bocadinho mais "casa".

Dessa, a original, o lugar para onde posso sempre voltar, acumulo saudades todos os dias. Mas também acumulo força e um estímulo enorme por saber que as "minhas pessoas" lá estão a torcer por mim e a esperar, de braços abertos, pelo momento em que eu voltar.

Dublin é, assim, alegria, expectativa, conforto, amizade, amor e saudade (não a temos todos, Portugueses?)

Até já;)


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