segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

When you suddenly realise life can be way less complex...

P.,

Este post chega com dias de atraso, o que no fundo ate faz sentido porque se prolonga a data. E assim, de longe, quando estiveres a ler, saberás que estamos sempre perto.

Este e um post que, independentemente da tua relutância relativa a demonstrações publicas de afeto  tinha que ser feito. Acima de tudo porque e uma homenagem a ti e um obrigada por tudo o que tens feito por mim.

Em primeiro lugar, tenho que te dizer publicamente que, mais do que qualquer outra coisa, aprecio, admiro e fico encantada, todos os dias, pela pessoa que és. Os primeiros parabéns são  sem duvida, para todos aqueles que contribuíram para que te tornasses a pessoa maravilhosa que és hoje. A tua simplicidade, generosidade, humildade e inteligencia são fruto de um trabalho maravilhoso daqueles que te educaram, que te acompanharam, que te tornaram um Homem. No verdadeiro sentido de Humanidade.

Mais do que qualquer outra coisa, perceber que o egoismo não e algo incontornável na natureza humana, mudou a minha vida e tem-me feito olhar de uma forma diferente para mim mesma, para a minha vida, para os outros e a minha relação com eles. Ser ambicioso não significa ser ganancioso, ser invejoso, ser egoísta  E possível ser-se ambicioso e ser-se bom, generoso, preocupado com o próximo  ainda quando esse "próximo" ate e um bocadinho afastado.

Esta era uma duvida que me atormentava. E que tu dissipaste.

E depois ha todas as outras coisas que nós sabemos. Mas que, essas sim, são nossas e continuarão a ser.

Parabéns a ti e Parabéns aos teus educadores e aos teus mentores, os que ainda estão presentes e os que já partiram.

E obrigada ao destino que "quase sem querer" nos colocou no caminho um do outro.

Parabéns pela magia dos teus 27 :)

Ate já!
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ao homem da minha vida.

Ainda bem que te digo muitas vezes o quanto te amo. Ainda bem que te abraco sempre que posso. Ainda bem que te digo sempre quando nao concordo contigo. Ainda bem.

Tive medo de te perder hoje. Tive medo de nao te voltar a ver, de nao voltar a ouvir a tua voz.
Tive saudades de ser pequena, de me enroscar no teu colo. Tive vontade de discutir contigo ate as tantas da madrugada coisas que so para nos fazem sentido.

Vou dizer-te ate ao final dos dias o quanto te amo, o quanto te admiro. Quero que saibas, todos os dias, o orgulho que tenho em ti por teres coragem, por seres sincero, por caires uma vez e te reergueres duas ou tres de seguida. Tenho orgulho em ti porque nunca deixas de tentar ser feliz e de fazeres o que achas correcto, mesmo que o mundo inteiro ache que e apenas mais um devaneio teu e te diga que nao vais conseguir, que nao vai funcionar.

Tenho orgulho que tenhas tanta gente que gosta de ti e que, como eu, te admira.

Nao me voltes a fazer ter medo de te perder. Promete. Tens que prometer. De verdade. Ainda nao vieste a Irlanda, ainda nao fomos de ferias para as Caraibas. Ainda tens que levar os teus netos a passear ao parque.  Ui, falta tanta coisa!

Tenho mais saudades tuas do que nunca. E este texto e para ti. Para que te relembres do quanto es grande e das coisas todas que ainda temos que te dar.

As melhoras Papa.

Amo-te.
Ate ja!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Now it's for real!

Às vezes o que eu não dava para que o meu dia tivesse 36 ou 48 horas, em vez das apressadas 24 que, ocupando-se de todos os "deves fazer" e "tens que fazer", tão pouco tempo deixam para o que realmente nos dá prazer. Como escrever...

Quando era miúda queria ser escritora.. Mas isso foi antes de todas as apresentadoras de programas da manhã escreverem romances. Perdeu um certo encanto.

Bom mas voltando à ilha verde. Novo trabalho, nova rotina. Desta vez é uma coisa a sério, silenciosa, concentrada, responsável e eficiente. Não há cá perder tempo com cafés e cigarros para depois sair às 8 e dizer que o dia de trabalho não chega para fazer tudo e se deviam contratar mais pessoas para a cigarrada depois do almoço ser ainda mais animada. 

Agora sei o que significa eficiência e o que distingue as boas empresas das medíocres. Trabalho é trabalho. Cognac é cognac. Mas este último só acontece depois das 6, quando o escritório já fechou.

Em suma, gosto muito. Sinto-me desafiada, estimulada, espicaçada pelo cumprimento dos objetivos. 

Entretanto, tese terminada e entregue. 4 casas, 3 empregos e 2 países depois, escrevi a última palavra de um trabalho arrancado "a ferros". Não foi fácil, mas nada do que não é difícil tem o mesmo sabor, verdade?

O festejo de todas estas pequenas conquistas foi feito em Paris. Cidade da luz e do amor, de histórias contadas e de histórias escondidas, de beleza sem fim e um encanto sem par. Paris fica no coração de quem por ela passa e o nosso coração fica também um bocadinho lá com ela. É cidade para ir e voltar, voltar, voltar...

O meu Portugal, as minhas pessoas, verei em pouco mais de um mês. Habituei-me às saudades, o dia-a-dia ocupa a cabeça e ajuda saber que há sempre um abraço pronto para mim ao chegar a casa. Mas faz-me falta o cheiro a maresia da minha cidade, as noites quentes de Verão, o sol de Domingo no Inverno numa esplanada à beira-mar, a meia de leite e a torrada com manteiga, a pescada cozida com batatas e ovo, os jogos no Dragão na companhia de um avô babado dos seus netos portistas. 

Acho que é assim a vida de emigrante. É feliz, mas não completa. O que, vendo bem, seria verdade do mesmo modo se continuasse a viver em Portugal. Pelo menos assim aproveito sempre o melhor de todos os mundos.

E sou feliz.
Até já :)

PS. Mumi, Vós, ontem fiz sopa pela primeira vez na vida. E (quase) ficou parecida com a vossa! Yey!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sometimes you have to go after it. Sometimes you're just lucky.

"Os teus olhos brilham", dizem eles.

Estou feliz. Optimista, acho que é a palavra indicada. A vida mudou e está a seguir o rumo que eu havia traçado para ela. O caminho a percorrer é ainda muito longo e terá de certeza estradas sem saída, ruas cortadas, obstáculos e trambolhões. Estou preparada para todos? Não. Certamente não. Só não me apetece antecipá-los.

Por agora sei que este é o caminho que me vai levar onde quero, onde sonhei, onde ainda sonho. Quero sempre mais, quero ser sempre a subir, quero crescer muito para lá dos meus limites. Por isso vim e quis ficar. Arrisquei e, por agora, ganhei. Mais um passo, mais uma conquista.

Já levo duas daqui. Duas conquistas que não se encerram por terem acontecido. Merecem atenção, cuidado, trabalho constante, amor e dedicação diários. Ocupam-me o espírito e enchem-me o coração. É delas que vem a felicidade que trago estampada no rosto.

Por agora saboreá-las é tudo o que quero. Hei-de esperar sempre mais e mais e virá o dia em que precisarei de escalar mais uma montanha, de olhar para lá das minhas próprias fronteiras.

De braço dado com o amor, partirei em busca de novos desafios. É o que se deseja quando se acredita tanto e quando há tanta gente que acredita em nós.

Tenho amor. Tenho família. Tenho amigos. Tenho trabalho.

Sou sortuda. E feliz.

Até já :)



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

The great city.

No fim de semana passado fui a Londres. Pela primeira vez e, claro, em muito boa companhia.

Eu já sabia que ia gostar. Sempre gostei de cidades grandes, sempre achei que nasci para viver numa. E parece que não me enganei.

Gosto muito de Dublin e admiro o seu cosmopolitismo, a sua abertura cultural e a sua simpatia, mesmo sendo uma cidade tão pequena. Mas, perdoem-me os maiores fãs e sem qualquer menosprezo pela ruralidade onde está uma parte muito grande das minhas raízes, sair de Dublin e ir a Londres é como ir da aldeia no campo para a cidade. E eu prefiro a cidade.

Tudo é enorme, tudo é confuso, a começar pelo tão afamado metropolitano. As ruas estão cheias, as lojas transbordam de pessoas, ninguém se olha nos olhos, ninguém repara em ninguém. Sim, esse é o maior defeito das cidades grandes. Mas nada é perfeito, não é?

As pessoas são bonitas, elegantes, vestem bem, calçam bem. Em Dublin não. Na verdade ainda não percebi de onde sai a moda que os irlandeses inventaram para si próprios e que partilham com os irlandeses do norte e os escoceses. Não é, de todo, a mesma que nós seguimos. Há-de haver quem goste com certeza, mas não é o meu caso.

Londres respira elegância e glamour. É uma cidade requintada, com mil coisas para fazer, com tanta atividade que não se sabe bem para onde olhar quando se lá aterra.

Fui ver um musical. The Lion King. Que maravilha! Que qualidade! Que aplausos tão merecidos! Que vontade de ver mais um e mais outro e mais outro dos tantos que estão em cena nos diversos teatros londrinos.

Fiz compras em Camden Town, visitei Notting Hill, tirei fotos à turista no Parlamento com o Big Ben de fundo, passeei ao pé do London Eye, jantei em Angel, diverti-me na loja da M&Ms. Sorri muito, fui muito feliz.

É tão bom quando se realizam sonhos!

PS. Já lá vão 23. E tive direito a surpresas bonitas, video-chamadas divertidas, presentes emocionados e emocionantes e bolo. Happy Birthday to me. O mais diferente de sempre. O mais saudosista de sempre. Um dos mais felizes de sempre.

Até já ;)*

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Meanwhile in Ireland...

Saudade foi a palavra que melhor caracterizou os dias que se seguiram à memorável visita à Escócia. Sentir saudades, matar saudades. Tão português, tão cansativo e tão bom e recompensador.

A Irlanda continuava igual. Cheia de pubs e de pubs cheios para os irlandeses. Cheia de uma chuva deprimente e irritante de Agosto para os restantes mortais que habitam esta cidade. Ok ok, houve dias de sol. Um ou dois ou três, vá. Mas foram sempre imediatamente seguidos por um dia de chuva intensa, o que automaticamente apaga as boas lembranças da jornada solarenga precedente.

E a mim faltava-me a energia necessária para absorver as vibrações positivas deste tímido e raro sol irlandês. O amor alimenta, as saudades consomem, roubam tempo ao espírito, intranquilizam o coração.

Para o tranquilizar só mesmo o sol português, o verdadeiro, o que queima a pele e enche a alma. E matar saudades de abraços que tanto faltam diariamente. Foram só dois dias, mas trouxeram uma energia incomparável, imparável. O melhor de tudo é saber que tenho sempre para onde voltar, enquanto aqui há sempre alguém que me espera.

O último fim de semana foi de visita ao sul da ilha verde. E que verde!! Fazer o Ring of Kerry é de cortar a respiração e faz-nos sentir pequeninos, inexistentes quase, perante as maravilhas e as surpresas da Mãe Natureza. Indubitavelmente, um dos sítios mais bonitos que já conheci.

Depois de tanto amaldiçoar esta chuva permanente, as paisagens do Ring of Kerry fizeram-me agradecer por assim ser. Se não chovesse tanto, esta ilha não seria com certeza tão bonita.

E no fim de tudo, há sempre uma pint, um abraço ou um beijo para aquecer o coração.

Tudo está bem quando acaba bem!

Até já;)

PS. O próximo fim de semana vai ser de visita à grande metrópole, Londres. E a próxima semana é de festa e de melancolia. Mas desta vez é uma melancolia doce. Com bolo de aniversário.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Scotland: Land of Princesses and Knights :)

Eu juro que se fechasse os olhos conseguia ouvir os cascos dos cavalos, as espadas dos duelos, as jovens princesas em busca do seu principe encantado. Chegar a Edimburgo é como estar num filme sobre a época medieval, é como ser transportado para uma realidade com mais de dez séculos. Tudo parece uma pintura, tudo parece irreal. É impossível não gostar de uma cidade que nos faz levantar os pés do chão, que nos faz imaginar como seria se não vivessemos nesta época e nos passeassemos por aquelas ruas apertadinhas, enquanto assistiamos a duelos fervorosos pela honra de uma familia ou pelo amor de uma dama.

Até o tempo ajudou a estimular a imaginação. Um dia de sol magnifico, que se foi tornando mais cinzento e que trouxe uma neblina ténue às zonas mais altas da cidade, tornando tudo mais misterioso, mais propicio a fantasias medievais.

Tudo isto se ia tornando mais contrastante à medida que iamos descobrindo o ambiente que pulsava na cidade. O festival Fringe traz espetaculos de rua, cantores, comediantes, músicos, dançarinos e gente, gente que chega de todo o lado para se divertir e para viver momentos únicos que só uma cidade carregada de tanta magia pode proporcionar.

Não admira mesmo nada que a J.K. Rowling se tenha inspirado tanto em Edimburgo para escrever uma das minhas obras de eleição. Edimburgo é mistério, é magia, é deixarmo-nos levar para fora da nossa realidade.

Glasgow brindou-nos com uma chuva incessante durante todo o tempo em que lá estivemos. É um sítio diferente, com traços muito característicos da cidade industrial que outrora foi. Mas caminhando para a parte oeste da cidade, lá estão os castelos, as torres enormes, os jardins. Verde, é tudo tão verde!

Estudar na Universidade de Glasgow deve ser como viver em permanência num castelo medieval!

Enfim, um fim de semana com cheirinho a sonho que traz muito pouca vontade de acordar na realidade quotidiana.

"Tão, tão bom!" ;)

As próximas semanas vão ser de muito trabalho e de muitas saudades.

Até já ;)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Shake it out :D

Bem, ao que parece Dublin arruinou com a Florence Welch. É verdade, a querida vai faltar ao Alive por problemas de garganta "decorrentes de um concerto na Irlanda". E eles aqui não fazem encore, imagine-se o que seria se fizessem!

Verdade, último fim de semana, mais música, mais concertos, mais lama (muito mais lama desta vez!), mais alegria. Temper Trap, Florence and the Machine e Snow Patrol. Três bandas de que gosto muito, três bandas que me surpreenderam pela positiva. Surpreenderam-me sobretudo porque não é fácil galvanizar o público irlandês e elas estiveram perto.

Sounds weird, ha? Tendo em conta que a esmagadora maioria dos meus posts realça a boa disposição, a simpatia e o calor deste povo, não seria de esperar uma atitude tão fria e tão desinteressada quando estão a ouvir ao vivo uma voz tão intensa e arrepiante como a do Dougy Mandagi (vocalista dos The Temper Trap), por exemplo. Só estranhei nos primeiros cinco minutos de concerto, a resposta afigurou-se bem clara logo a seguir: o álcool ainda não era suficiente.

O público neste festival era bem diferente do "Body&Soul", onde estive há umas semanas. A diferença começa logo na média de idades e isso muda tudo. É natural ver em Dublin crianças com 15, 16 anos sairem à rua praticamente despidas, seguindo o objectivo deliberado de beberem até cair, de maneira que assim que entrámos percebemos que estar naquele recinto era apenas mais uma forma de apanhar uma bebedeira, de exibir os dez kg de maquilhagem na cara, de mostrar ao mundo as novas galochas com tartarugas e joaninhas tão úteis para saltar na lama e polvilhar a multidão à volta com pepitas de terra molhada.

A certa altura é irritante, admito. Fui ali para ouvir música, boa música, música de que gosto realmente e a  senti-me em mais um pub, onde toda a gente bebia descontraidamente a sua pint como se nada de mais em especial estivesse ali a acontecer. Apeteceu-me gritar "Hey, o homem tem uma voz inacreditável, importam-se de me deixar ouvi-lo melhor um bocadinho por favor?!".

É claro que o ambiente de Irish Pub que se viveu durante o concerto dos The Temper Trap, a primeira banda a tocar, se foi alterando à medida que o álcool ia subindo à cabeça de miúdos e graúdos. Florence and the Machine arrasaram, em grande parte devido à incrível presença em palco da Florence Welch que, essa sim, conseguiu por a saltar mesmo os irlandeses que ainda não estavam ébrios (e que também não eram muitos, diga-se). Mas mesmo assim, nada de encore. Não vale a pena, ninguém pede, ninguém parece ligar. Não há público como o português.

Snow Patrol falaram ao coração dos presentes. Até o pai do vocalista subiu ao palco (arrancando-me umas lágrimas, devo confessar!). O problema é que, sendo os últimos a actuar, os Snow Patrol tiveram direito à audiência mais alcoolizada do dia. E oh! encore!!!!! O primeiro a que assisti na Irlanda!

Para eles foi com certeza fantástico ver aqueles milhares de pessoas a saltar e a gritar descontroladamente, enquanto cantavam todas as músicas (lá nisso, concedo-lhes o mérito por saberem as letras todinhas de cor!). Para nós, sóbrios, é que foi mais complicado aguentar a euforia exagerada dos irlandeses que insistiam em pendurar-se uns nos outros, em dar enormes quedas em grupo e em incitar moches. O som de Snow Patrol nem sequer é assim tão pesado, é? Enfim, acho que é uma questão de prática.

É assim que eles são. No alcohol, no fun. E nós nada mais podemos fazer do que ser Romanos em Roma.

Em todo o caso, foi um dia muito bem passado. E inesquecível, por ter representado muito mais do que um dia de concertos.

Até já;)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Balanço, balancinho, balancete

Two months are gone.

Dois meses que não vi, que não senti, que não me deram tempo nem espaço para pensar. As horas fogem de mim, escapam-me por entre os dedos. Acho que concorrem para que se torne quase um desafio vivê-las intensamente, porque fica tudo na minha mão: quero saborear cada momento, memorizar cada lugar, sentir cada cheiro como se fosse a última vez. E os dias teimam em correr, em não deixar espaço a reflexões. Não que elas sejam necessárias. Eu é que gosto delas, sempre gostei. É por isso que este blog existe.

Debruço-me então sobre o balanço a fazer do que por aqui tenho vivido. O choque e a euforia iniciais já deram lugar à tranquilidade de ir podendo chamar "casa" a um lugar onde nunca tinha estado antes. Aos poucos tudo se torna familiar. Vou-me habituando ao trânsito pela esquerda, à chuva incessante, à música alta por toda a cidade, à minha bicicleta e às aventuras de percorrer com ela o centro da cidade sem me enganar no sentido da estrada. Vou tendo também que me habituar a um novo escritório, novas pessoas, novas rotinas, novos timings.

Mas o que mais mudou nestes dois meses foram os laços criados. Mais fortes do que o tempo volvido poderia deixar supor. São estes laços que nos fazem passar do tipo de pensamento "nada tenho a perder" para a dúvida "e agora se eu perco isto?". As pessoas à nossa volta constroem o nosso mundo, aquele em que mais queremos viver e Dublin tem-me trazido pessoas memoráveis, pessoas boas, pessoas que não quero perder. De repente aprendemos que não sabemos ser assim tão independentes, assim tão autónomos. Precisamos de um abraço de conforto, de uma piada que nos faça rir descontroladamente ou da disponibildade total de alguém para nos sentirmos aconchegados. Para que tudo se torne, como disse, um bocadinho mais "casa".

Dessa, a original, o lugar para onde posso sempre voltar, acumulo saudades todos os dias. Mas também acumulo força e um estímulo enorme por saber que as "minhas pessoas" lá estão a torcer por mim e a esperar, de braços abertos, pelo momento em que eu voltar.

Dublin é, assim, alegria, expectativa, conforto, amizade, amor e saudade (não a temos todos, Portugueses?)

Até já;)


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Festa! (Outra vez?)

Nunca chega. Dublin foi festa, Dublin é festa!

Os últimos dias trouxeram festa tuga. Ah, como é bom ser português quando se está fora. Tudo sabe melhor, tudo parece mais alegre, mais incrível. Estamos nas meias e que venham nuestros hermanos! Quero festa tuga na final, quero vestir Dublin de vermelho e verde, coisa que não me parece muito difícil nesta cidade. O irlandês gosta do tuga, felicita-o, brinda-o com uma série de nomes famosos do mundo do futebol ditos com uma pronúncia que o faz rir. :)

Mas os últimos dias também trouxeram festa irlandesa. Um festival de Verão com chuva, galochas, lama, muita lama, impermeáveis, roupas molhadas e muitos agasalhos. No fundo, uma mistura do menos esperado com o mais apetecível: música, cores, amigos, cerveja, pessoas diferentes, todos iguais. 
Acho que a beleza e a harmonia da noite de Sábado foram de tal forma inspiradores, que a Irlanda nos brindou com um magnífico sol primaveril e uma temperatura que quase fazia lembrar um verdadeiro festival de Verão, durante todo o dia de Domingo. Até a soneca de poucas horas numa tenda montada em plena lama pareceu perfeita. Bem, pelo menos até ao momento em que foi necessário acordar na Segunda de manhã and get ready for work! :)

Foi dançar até cair, foi rir até doer a barriga, foi matar saudades do drum n bass e do dubstep, foi ter a certeza que com o tempo me vou apercebendo daquilo que me faz ter o coração cheio!

Foi realmente um festival cheio de Body&Soul. Pelo menos eu estive lá, de corpo e alma!

Ricardo Giga, meu coração, por lapso não foste mencionado no post anterior, mas foi fantástico ter-te cá. VAI ser fantástico ter-te cá, pertinho de mim :D

Até já ;)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ao "meu" mundo.

Estou embriagada de emoções. A última semana foi intensa, expectante, apaixonada, recompensadora, feliz!

Começou com a celebração (fnalmente!) do evento comemorativo do Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Enquanto por terras lusas o nosso Presidente o festejou um dia mais cedo, por aqui fizemo-lo um dia mais tarde. Foi um evento requintado, sem grande solenidade, cujo objectivo era apresentar a algumas pessoas influentes na área do turismo e do comércio, o que de melhor se faz em Portugal. A prova de vinhos incluida nesta iniciativa foi bastante apreciada e desenrolou-se sem percalços, o que me fez inchar um bocadinho de orgulho, uma vez que a organizei todinha. Em todo o caso, o mais importante é que a presença dos "nossos" enchidos, queijos, frutas, doces regionais, licores, entre outras coisas, tornaram a celebração especial per se e conferiram-lhe aquele saborzinho a saudade da pátria-mãe que tanto nos caracteriza. 

O final do dia trouxe a recompensa merecida, não pelos agradecimentos públicos, mas pelo descanso e pelo sentimento de "mission accomplished". 

O último fim de semana foi da família. Tão bom abraçar de novo quem mais amamos, tão bom ter carinho de mãe na nossa nova casa, tão bom sentir que ainda ontem estivemos juntos! Sentir quem se ama dá-nos alento, mais coragem, mais vontade de seguir em frente. Não se matam saudades, essas existem sempre, mas pelo menos sente-se o cheirinho daquilo que nos é mais familiar, só para assegurar de que continua lá. 

Ter miminho de mãe aqui significou ter todos os outros, porque ela carrega com ela o meu mundo inteiro.

O resto é meu, cresce dentro de mim e faz-me, inesperadamente, feliz. 
Dublin é amor :)

Dedicado ao meu "mundo inteiro": Mumi, Inês, Joana, Papá, Alice, Luís, Iró, Rocha, Gi, Isa, Fi, Pedro * 
Sou feliz, por vocês. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Muito mais é o que nos une... ?

Portugal perdeu e a Irlanda também mas isso não impediu a festa. Eram bandeiras, eram cachecois, musica por toda a parte, pessoas a dançar nas ruas, cerveja. Somos mais parecidos do que alguma vez eu poderia pensar. Está tudo bem, mesmo que não esteja o melhor possível. O importante é estarmos juntos, haver música e podermos fazer a festa onde quer que seja. Se calhar é por isso que os portugueses que aqui vêm parar, raramente conseguem ir embora.

Não obstante as semelhanças nos fazerem sentir mais aconchegados, são as diferenças que mais enriquecem a nossa passagem por um país que não é o nosso. Falava-me esta semana uma querida educadora de infância que trocou o nosso jardim à beira mar plantado, por esta ilha não menos verde e não menos à beira mar, acerca dos seus medos relativamente a ser mãe e criar filhos aqui. Não que seja perigoso ou menos profícuo em termos de possibilidades futuras. É a cultura o que a preocupa. 

"Os nossos meninos com três anos no infantário brincam que vão ao café, que vão buscar os bebes a escola, que são mães e pais de outras crianças, enfim, o que sabemos. Mas a brincadeira favorita dos meninos irlandeses é a de que vão ao pub beber uma pint! Cada um tem a sua caneca e dentro da sala dividem tarefas: um serve as pints, outro bebe-as, outro anima a malta!"

De pequenino se torce o pepino. Digo eu e os irlandeses sabem-no bem, ao que parece!




No próximo post terá menção honrosa a festa comemorativa do dia de Portugal, oferecida pela Embaixada de Portugal na Irlanda.

Até já ;)


sábado, 9 de junho de 2012

Como o prometido é devido...

... este post é dedicado ao P.

Ontem foi noite de festa. Hoje é dia de festa. (Já tinha dito que Dublin é uma cidade animada?). Pela primeira vez em cinco de semanas de estadia, conheci uma discoteca dublinense. Um local estranho, confesso. Prefiro a música tradicional dos pubs e as 'pints' de meio litro do que a transcendência de loucura a que se assiste numa discoteca propriamente dita. É que quando lá se chega, as pessoas já estão bastante para lá de ébrias e pioram tudo com o corropio de shots duvidosos e copos de whisky famosos. Ao mesmo tempo, suponho que algo aconteça às hormonas assim que se passa a porta de entrada, porque o objectivo número dois de quem ali se encontra (o número um é, evidentemente, ficar ainda mais alcoolizado) é arquitectar mil e uma maneiras de seduzir o sexo oposto ou, pelo menos, de conseguir que este emita um sinal qualquer que faça crer "estou disponível", mesmo que esta tradução varie de acordo com a cabeça do "predador". Das duas uma, ou é de facto um transtorno hormonal ou é apenas uma questão de ego.

Não obstante o retrato não ser muito aliciante, foi uma noite divertidíssima. Um grupo multicultural, simpático e animado tornam qualquer lugar o melhor onde se pode estar. Até a música se torna dançável quando se tem um alemão com vergonha de dizer que tem a certeza que a sua seleção vai ganhar à nossa, uma norte-americana que faz uma coreografia para cada canção, de acordo com a letra, e um grego chamado Adonis mas que nega terminantemente ter esse nome. Foi bom, foi mesmo muito bom. 

Dublin também são as pessoas que se encontram. 

Quanto a hoje, é dia de festa, dia de jogo, dia de reunião tugo-germânica, independentemente do resultado.

Dublin também é aprender a viver no mundo inteiro.

Até já ;)

P *

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Continuando a por este mês em dia...

Dublin tem jardins lindíssimos (St. Stephen's Green, Marrion Square, Phoenix Park - que ainda não conheço), muitos museus e uma vida cultural agitadíssima.
Ir a um pub irlandês é uma experiência única. A primeira vez que entrei no Temple Bar, o Pub mais antigo de Dublin, senti-me num filme. Música ao vivo, "discos pedidos", karaoke live, pessoas a dançar, a beber, felizes a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer dia ou qualquer noite da semana.
O regresso do escritório a casa (caminho que são cerca de 10 minutos a pé) é a altura do dia em que mais me regozijo por estar aqui. E não. Não é por ser final do dia e o trabalho ter acabado até porque, e escrevo-o com toda a franqueza que me caracteriza, hoje em dia sinto-me uma sortuda por ter vindo parar a esta delegação.
Adoro regressar a casa ao final da tarde, porque as ruas vibram, sente-se a ansiedade por uma 'pint' (um "fino" como se diz na minha terra), quer chova a potes, quer brilhe um sol escaldante. É quase um ritual sagrado: sair do escritório, ir a um pub, beber uma pint, por a conversa em dia, seguir para casa, jantar e preparar para o dia seguinte.
Gosto mais ainda quando tenho a oportunidade de partilhar dessa euforia generalizada e vou eu própria a um qualquer pub beber uma pint, conversar com pessoas que ainda mal conheço e ouvir histórias vindas de toda a Europa, de todo o Mundo, de gente que se moldou a Dublin e a escolheu para sempre como sua também.
Lembro-me do primeiro dia de sol a que assisti em Dublin. Foi já perto do final de Maio e eu nem queria acreditar que estava a sair de casa sem casaco! Foi um dia incrível, com um almoço de terraço, janela do escritório aberta e, claro, a pint no final do dia. A Trinity College, universidade privada mesmo no centro da cidade, é o único local em Dublin onde é permitido beber ao ar livre. Se isto já seria motivo suficiente para encontrarmos a universidade cheia de gente todos os dias, juntemos-lhe os seus jardins maravilhosos, verdes à moda irlandesa, e o sol, tão raro por estas bandas e tão apreciado, tão amado, quando chega. Foi uma experiência incrível! Das melhores que tive até aqui. Ouvi inglês, espanhol, francês, alemão, italiano e português. Ouvi gargalhadas altíssimas de felicidade genuína. Senti o pulsar da juventude que povoa Dublin e a Irlanda em geral. Senti-me em casa por estar num espaço com tanto a ver comigo!
Felizmente, conheço já algumas capitais europeias. Elejo Dublin como a capital da Alegria!

Até já ;)

O começo de uma nova vida...

Cheguei à Irlanda há pouco mais de um mês. Aterrei no aeroporto de Dublin às 4 da tarde do dia 4 de Maio. Comigo viajou uma panóplia de sentimentos frequentes em quem sabe que uma mudança radical está muito perto: nos olhos ainda algumas lágrimas partilhadas com quem me viu partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, no sorriso a expectativa e a admiração por tudo o que, de novo, me ia surgindo. 
Dublin apresentou-se cinzenta, ventosa e com chuva, mas simpática, aberta, movimentada e cheia de vida. A primeira viagem de táxi arrancou-me algumas gargalhadas. Que divertido andar em "sentido contrário" e sentir que, de repente, um autocarro gigante nos vai bater de frente ou que a polícia vai surgir a qualquer momento para nos alertar do perigo público que constituimos!
Primeira noite, primeiro jantar em grupo. Portugueses simpáticos, calorosos e hospitaleiros também em busca de uma nova vida, de uma que seja melhor do que a que deixaram para trás. Segunda noite, nova confraternização "tuga" e apercebo-me da comunidade enorme que somos aqui. Somos felizes, temos garra, temos formação. "Não é difícil ficar", dizem-me. "Difícil é ir embora, depois de estares aqui". "Será?", penso eu. O coração ainda bate por Portugal e pelo que lá ficou, mas o presente é agora e preciso dele para construir o futuro que almejo. 
Chegar numa Sexta ajudou-me a relaxar, a pensar e a procurar casa com alguma calma. Não ficar num hostel por ter a sorte de alguém me acolher com tanta prontidão e disponibilidade foi também fundamental.
Não foi difícil encontrar um cantinho para mim. Percebi que era aquela casa assim que lá entrei. Centro da cidade, uma rua movimentada, uma sala acolhedora e um "flatmate" italiano e simpático constituiram os ingredientes fundamentais para a minha escolha. 
O primeiro dia de trabalho foi também fundamental na minha adaptação. Quem disse que os "Aiceps" não trabalham? Trabalham sim, desde manhã até ao final da tarde. A motivação sente-se no ar, o espírito é de luta, de determinação em contrariar o sentimento geral de conformismo com a situação que o nosso Portugal, o nosso querido Portugal, nos oferece. 
A pouco e pouco vou-me sentindo mais parte desta cidade, deste estilo de vida, desta alegria irlandesa que não se coaduna com o clima de Inverno em pleno Verão. Talvez porque este Inverno constante torna as pessoas mais próximas, mais frequentadoras de lugares comuns a todos, mais consumidoras de bebidas que aquecem a alma (e o resto do corpo!). São as pessoas que fazem os lugares e esta ilha verde consegue surpreender todos os dias pelo calor humano que transmite, pela agitação de todos os que aqui vivem e por receber tão bem todos aqueles que para aqui mudam as suas vidas.

Esperando que acompanhem as minhas aventuras com o mesmo entusiasmo com que as vivo...

Até já! :)