quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Até sempre 2014. Olá 2015!

Gosto de balanços de fim de ano: de interiorizar e saborear as minhas vitórias, de refletir sobre as minhas derrotas e aprender alguma coisa com elas e de definir metas e objetivos para o novo ano que se aproxima.
2014 foi um ano muito generoso, como aliás 2013 também tinha sido. Trabalhei muito, sorri muito, beijei muito, amei muito, viajei muito. Chorei pouco. As poucas vezes que chorei, chorei de saudades. Dos meus, dos que estão longe e eu queria perto. Nunca se pode ter tudo.
Em 2014, a minha irmã, a pessoa mais importante da minha vida, realizou o sonho da vida dela. Ah! Lembro-me agora: também chorei de alegria no dia em que este sonho se tornou realidade.
Em 2014 o meu pai tornou-se mais saudável, deixando-nos a todos com o coração mais leve e mais cheio.
Em 2014, a minha irmã, que só não o é de sangue, deu-me uma das maiores alegrias da minha vida - não vou ser mãe, mas vou ser madrinha e este novo amor preenche-me mais a cada dia. 2015 trará a baby A. e todos seremos certamente mais felizes!
Em 2014, a minha amiga de sempre casou e quis-me pertinho para partilhar as alegrias desse momento e de outros que se têm seguido.
Em 2014, a minha mãe, para quem o ano foi um bocadinho duro, mostrou mais uma vez que é uma guerreira, uma força da natureza, uma alma sem par e sem comparação. Em 2014, como em todos os anos que virão, é a ela que vou buscar toda a minha força, toda a minha garra, em qualquer momento.
Em 2015 não peço muito mais do que o que pedi em 2014. Quero muita saúde para todos os meus: que os meus avós continuem a sorrir, que a baby A. chegue com muita luz, que as minhas irmãs continuem felizes, a aprender e a crescer muito com o que a vida lhes vai dando, que a minha mãe continue a defender-se com gargalhadas, que o meu pai e todos os seus vivam com muito amor e muita paz, que os meus amigos continuem por perto no coração e me deixem partilhar as suas (muitas!) alegrias e as suas (poucas!) tristezas.
Que o meu amor cresça muito, cada vez mais. Em 2015, quero partir de novo, de braço dado com ele. Porque queremos que "se o chão desabar nos leve aos dois".

Feliz 2015! "Saúde e paz, o resto a gente faz!"

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Escrever-te.

Amar-te.
E saber que nunca mais estaremos sós.
Caminharemos juntos, de braços entrelaçados, num futuro que escolhermos viver.
Aprender-te. Sonhar-te. Sorrir-te. 
Acordar ao teu lado e saber que, pelo menos aqui dentro, enquanto aqui estamos, o mundo gira no sentido certo.
Abraçar-te de manhã e apertar a tua mão ao adormecer.
Ter medo de te perder. E vontade de te viver!
Admirar-te.
Ver-te chegar ao final do dia e saber, meu amor, que nada me traz mais felicidade.
Por isso gosto de chegar antes de ti. Nesses momentos sei que apenas o amor pode trazer tanta luz.
Conhecer-te.
Saber o lugar que ocupas. E não duvidar nunca dos lugares que gostas de ocupar.
Prever os teus humores e acreditar, inocentemente, que te protejo dos teus temores.
Desejar-te.
Sempre e para sempre mais. 
Agradecer-te.
Pelo que veio e pelo que há-de vir. Pelo que és e pelo que serás.
Mas, sobretudo, pelo que me fazes ser e por me deixares acreditar que os sonhos comandarão a minha, a nossa vida.
Esperar-te. Encontrar-te. Viver-te. 
Sempre. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Pura poesia.

Tenho um sonho. Não. Tenho muitos sonhos. Muitos, enormes, muitos deles muito difíceis de concretizar. Nunca tive medo de sonhar.

Mas este sonho em particular tem-me desassossegado o espírito. Tem-me feito pensar que nada valerá a pena se um dia, tendo a oportunidade de refletir naquilo que foi a minha vida, chegar à conclusão que falhei a realização deste.

Quero ser escritora. Escritora de histórias e historinhas e romances que nunca acabam, porque quem os ler irá eternizá-los na memória e no coração.

Quero escrever à mão. Passar os meus dias só com o meu bloco de notas e a minha caneta e escrever até me doer o pulso. Guardar o que é meu só para mim. Dar aos outros o que é dos outros. Dar amor através das palavras e receber amor através da leitura.

Quero ser abraçada através das páginas preenchidas por mim. Dar uma vida nova a personagens que já são reais numa outra vida que não escolheram. Ou criar vidas totalmente novas, únicas como todas as vidas, mas em nada diferentes de todas as que já existem.

Quero viver em todas as cidades do mundo e construir caminhos entrelaçados nas minhas linhas. Quero criar amores e desamores em Lisboa, em Nova Iorque, em Pequim e em Nairobi.

Quero pertencer a 1814 e a 1929 do mesmo modo que 1989 me tem. Quero estar em todos os períodos de tempo que me fascinam e sobretudo em todos os que me assustam. Quero sonhar no passado e viver no futuro. E escrever agora.

Quero muito e acima de tudo que as minhas palavras, os meus textos e tudo o resto que eu for construindo, chegue aos meus descendentes. Que eles vejam mais com o coração do que com os olhos como eu tento sempre fazer, porque só assim se vê realmente bem.

E para além disto tudo, quero realizar coisas fantásticas, ver o que nunca vi e assistir à criação do que nunca foi criado. Quero muito e quero muito pouco:

O mesmo abraço de bom dia todos os dias da minha vida é, em si mesmo, pura poesia. Estará sempre muito dele em cada letra minha.

Até já.
Ana

domingo, 4 de maio de 2014

A minha mãe. A melhor de todas.

Ha pessoas que chegam ao mundo com uma missão e eu sempre soube que eras uma delas. A tua missão foi sempre a de dar tudo de melhor que há em ti aos outros. Deste tudo de ti sobretudo a duas pessoas em particular: nós, tuas filhas. E quando digo que deste tudo, quero dizer que nos deste inclusivamente toda a tua vida. Foste mãe e foste pai durante muitos anos e isso nem por um segundo te diminui a força, nem por um segundo te tirou o sorriso, nem por um segundo te permitiu fazer-nos sentir as tuas dores. Desde o primeiro dia das nossas vidas que tivemos uma fortaleza à nossa volta: tu. Contigo chocaram muitas coisas más e muito sofrimento, mas até nós só chegava uma ínfima parte deles. Até nós chegavam, na sua maioria, coisas boas, alegrias e conquistas que só tu, como ninguém, sabias partilhar connosco.
Foste tu a primeira a dar-me a mão quando, muito jovem ainda, quis sair dessa fortaleza e experimentar o mundo por mim própria. Foste a primeira a dizer-me "vai, sê feliz" e desde então te tornaste não só a melhor mãe que eu poderia ter, mas também a minha melhor amiga e a minha mais fiel companheira.
Disseste-me muitas vezes que não tinhas pretensões de ser a minha melhor amiga, porque ser mãe é diferente de ser amiga e ser mãe por si só já responsabilidade suficiente. Mas ao longo destes meus 25 anos, a verdade é que conseguiste ser mãe e amiga e companheira e confidente e muito mais do que isso.
Foi para o teu colo que corri quando tive os meus primeiros desgostos de amor. Foi à tua opinião que recorri quando me senti insegura. Foste a única pessoa que leu os meus diários. Continuas a ser a única pessoa a quem eu telefono todos os dias.
De ti herdei a resiliência e a capacidade de levantar a cabeça e enfrentar os problemas, quaisquer que eles sejam. Não herdei a tua gargalhada, essa ficou para a Inês, mas é a minha favorita e será sempre.
Não vou dizer que tenho saudades, isso tu já sabes e hoje não é dia para pensamentos tristes. Fica apenas a nota, uma vez mais, de que é um orgulho e um grande prazer ser filha de uma mulher tão fantástica, tão generosa, tão bem disposta e tão marcante. A vida não foi sempre tao boa contigo como tu foste com ela, mas isso é o que distingue os grandes e os audazes e pelo menos essa força nunca ninguém te tirará.

Tem um dia feliz, Mamã.
De uma filha babadíssima.

Até já!
Ana


segunda-feira, 31 de março de 2014

Tu, Inês.

Está quase no fim mais um dia teu. Se soubesses as saudades que eu tenho de te ouvir contar em decrescente, todos dias, nos três meses que antecedem o 31 de Março! E de organizar as surpresas à meia noite, de ver o teu ar feliz sempre que recebias um presente surpreendente. Acho que nunca conheci ninguém que gostasse tanto de fazer anos como tu. Acho não, desculpa. Tenho a certeza que não há ninguém assim.
Este blog está a tornar-se melancólico. Perdoem-me aqueles que ainda perdem meia dúzia de minutos para "me" ler, mas percebo cada vez mais que é a saudade o sentimento que mais me inspira. Paradoxalmente, é também o sentimento que eu mais detesto, porque é aquele que mais sinto fisicamente e que mais custa a passar. A saudade dói no corpo e na alma.
Mas hoje, como no ano passado, não quero ficar triste neste dia. Hoje quero celebrar, mesmo longe e com dores de saudades, a tua vida, a tua alegria e o orgulho que tenho em ti. Às vezes penso e não sei se tens a verdadeira noção do quanto me inspiras e da quantidade de coisas que eu faço por ti e a pensar em ti. Tenho a certeza que numa outra vida fomos só uma. Nesta dividiram-nos e tu ficaste com a melhor parte. Tens a genica, a alegria de viver, o entusiasmo e o brilho nos olhos da eterna criança que serás, mas vais-te tornando uma mulher fantástica, com garra de "Carneiro" e a coragem de "Leão" que sempre te protege.
Como te disse, muito poucas são as palavras que te posso dedicar. Elas nunca seriam suficientes, por mais que eu tentasse. Já vivemos muitas vidas e muitas mais estarão para vir, onde certamente muitas homenagens haverá a fazer.
A maior de todas, e tu sabes, virá quando eu conseguir finalmente escrever o meu livro, o meu maior sonho. A personagem principal será uma menina-guerreira, sem medos e sem rancores, em cujos olhos só passam lágrimas de alegria. Muitas serão as suas aventuras e muitas as montanhas que terá que escalar. Ainda não sei, porém, como vou conseguir, uma vez mais, transmitir tudo aquilo que tu és, por palavras, por muitas que elas sejam.
Só há uma coisa de que estou certa. No meu livro, como na vida, terás certamente um final muito feliz!

Parabéns miúda!
Até já.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Saudades.

Em dias importantes, como hoje, tenho crises agudas de saudades.

Em dias como hoje, a vontade que tenho é de largar tudo, dizer que não ao futuro planeado e certinho e correr para onde eu queria estar.

Em dias como hoje, eu queria só estar a festejar o teu aniversário contigo, à direita do teu lugar na mesa.
Queria rir-me com as pequenas e cantar as músicas do rádio a caminho de casa, com a minha cantora favorita.

Queria, no espaço de uma mensagem, estar em frente ao mar a comer um McFlurry do McDonalds da praia.

E em dias como amanhã, eu acordaria feliz e teria um abraço gigante de mãe e o colinho que está sempre tão longe.

Em dias como hoje, todas as conquistas parecem pequenas. A maior conquista seria ter isso tudo perto de tudo o resto.

Um beijo de emigrante saudosa a todos os que, de longe, me querem tanto bem!

Até já.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Do tema do momento: a praxe

Em boa verdade, o título deste artigo não está 100% correcto. Este tema é deste momento como já foi de muitos outros momentos. A discussão à volta da praxe é velhinha, velhinha e, como em tudo o que se discute em Portugal, não há meio termo. Só se manifesta quem adora a praxe, considerando que ela fez parte da sua formação enquanto pessoa e que elevou os seus valores de companheirismo, amizade, dádiva, etc., ou então quem a odeia. Este último grupo de pessoas parte geralmente para a generalização gratuita, considerando que toda e qualquer pessoa envolvida neste "ritual secreto e perverso" é, naturalmente, frustrada e mal resolvida ou então, pelo outro lado, tornar-se-á num cidadão sem fibra, subjugado e inútl. 
Pois bem. Como sempre faço, reflecti muito sobre este assunto antes de escrever sobre ele. Li opiniões, artigos, crónicas, dezenas de posts de facebook de ambas as facções e acho-me agora capaz de opinar de forma congruente e (eu sim!) com muito conhecimento de causa.
Para começar com todas as cartas em cima da mesa, faço uma ressalva importante: fui praxada, praxei e adorei esses dois anos da minha vida, embora deva confessar, seja de longe muito mais divertido ser praxado do que praxar. E fi-lo, muita atenção!, porque QUIS. Porque voluntariamente eu quis experimentar a praxe. Nunca ninguém me obrigou a fazer nada e recusei-me inclusivamente a fazer algumas coisas por considerá-las estúpidas. Fui agredida, excluída, insultada? Não. Nunca. 
Facto curioso para todos os Pachecos Pereiras da vida: sou uma pessoa normal, tenho amigos, um bom emprego e boas relações com as pessoas por todos os sítios por onde vou passando. Como eu, tenho dezenas de colegas e amigos. Pessoas bem formadas e educadas que viram na praxe uma excelente oportunidade de se "divertirem à grande" com pessoas que, inicialmente, mal conheciam e que, naquele contexto de brincadeira e à vontade, se foram tornando, de facto, grandes amigos. Nunca me senti humilhada e certamente nunca humilhei ninguém. Nunca maltratei professores e nunca vi isso acontecer da nossa parte. Um dos "meus" caloiros mais activos é hoje em dia Presidente da Associação Académica da Universidade. Continuo amiga de alguns dos meus professores, pessoas de quem retirei ensinamentos para a vida e de quem nunca me esquecerei. Esses mesmos professores viram-me trajada, viram-me a praxar e nunca em momento algum me referiram nenhum tipo de repúdio por nada do que eu tenha feito. 
Quanto ao argumento de a praxe acrescentar ou não alguma coisa à sociedade. Bom, tendo em conta que a Fanny é uma figura pública, esse argumento nem sequer pode ser considerado. 
No entanto, caros leitores (e este no entanto é fundamental!), nem todas as pessoas são como eu, os meus amigos e grande parte dos que me praxaram e que eu praxei. Infelizmente, a praxe é uma tradição mantida por pessoas e como qualquer coisa que dependa de pessoas, ela está sujeita à perda da sua essência com o tempo, à estupidez humana e à falta daquela coisa que dizem que nos distingue dos animaizinhos. É isso, racionalidade. Assim sendo, e como qualquer actividade que envolva pessoas, a praxe pode e DEVE ser regulada e controlada para lá do código de praxe que, convenhamos, em termos humanos regula muito pouco.
Não vale a pena, portanto, na minha opinião, andarmos a tentar colocar as culpas na praxe em si. O problema está nas pessoas, como em tudo na vida! E então são essas pessoas que devem ser punidas, que devem ser impedidas de ter acesso à praxe, que devem pagar pelos erros cometidos. E não a praxe, porque a praxe em si é apenas uma tradição de integração e acolhimento que, na sua génese, nada tem de errado. Como referia hoje o HM no seu artigo do Expresso, há praxe no exército, há praxe em grupos desportivos, há praxe nas escolas secundárias, enfim. A praxe não é exclusivamente uma prática universitária e como tal não lhe podemos colocar todo o peso desta discussão em cima. 
Como ninguém neste momento em Portugal, tirando claro o envolvido, não sei o que aconteceu no Meco. Não sei se os seis estudantes estavam, de facto, em praxe nem se o Dux entrou ou não entrou na água com eles e teve, simplesmente, mais sorte. Não sei sequer se entraram na água ou se a onda os apanhou desprevenidos enquanto bebiam uns copos. Se entraram na água em praxe, contudo, a culpa não será certamente do Dux, uma vez que eles eram todos praxantes, adultos e voluntários. Não sei nada e ninguém sabe nada, embora andemos todos armados em Polícia Judiciária, faltando ao respeito à memória dos seis miúdos que perderam a vida, às suas famílias e ao sétimo rapaz que todos agora tratamos por Dux, mas que tem um nome, uma família e perdeu seis amigos num acidente terrível. 
Só há uma coisa que sei no seguimento daquilo que escrevi anteriormente. Não é suposto utilizar a praxe para actividades que colocam vidas em risco, ao fim de semana e na praia com a costa portuguesa em alerta vermelho. E neste sentido, todos os envolvidos são responsáveis, praxantes e praxados, tendo tido, infelizmente, a maior punição possível. 
Agora, se mesmo depois desta terrível lição, os estudantes da Lusófona e de outras semelhantes, continuam a achar-se no direito de prosseguir com este tipo de actividades arriscadas e de ainda por cima não falarem sobre elas, passando por cima de todos os limites da dignidade humana, meus amigos, que se lixe a praxe. Se é impossível regular as atividades praxísticas de um modo que vá para além do código de praxe e se é impossível controlar a estupidez humana de modo a evitar que outras tragédias aconteçam, que se lixe a praxe. Até porque, como sempre dizíamos:  "quando um faz m****, todos fazemos m****". 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Cabo Verde. Terra de nha cretchéu.

Os meses e os anos vão passando e eu vou-me apaixonando. Por novos lugares, novos países, novas sensações, novos povos. O ano foi virado em Cabo Verde. Tempo quente como corolário de um ano cheinho de calor no coração. 2013 foi generoso comigo (só para me contrariar quando digo que os anos ímpares nunca são tão bons) e terminou em festa, com muitos sorrisos, um beijo apaixonado e um brinde cheio de promessas para os novos anos que nos esperam.
Mas 2014 entrou melhor ainda. Para quem nunca teve a oportunidade de conhecer a ilha de S. Vicente e particularmente a pequena cidade do Mindelo, por favor, façam-no. Há lugares neste mundo que, sem percebermos muito bem porquê, nos cativam de uma forma singular e especial. São aqueles lugares que nos aquecem o coração quando nos lembramos deles. O Mindelo é um desses.
Sendo uma pequeníssima vila (ou cidade) de pescadores, não deixa adivinhar à primeira vista, o maravilhoso calor humano, musical e cultural que esconde. Terra natal de Cesária Évora, o Mindelo vive de música, de animação, de sorrisos sinceramente felizes, de pessoas que, não tendo nada, têm tudo. Enquanto dançávamos na rua pela madrugada fora ao som de conhecidos intérpretes cabo-verdianos, entre eles Tito Paris, um dos milhares de mindelenses em festa perguntou-nos de onde éramos. Quando ouviu "Portugal", a sua resposta trouxe-me lágrimas: "Cabo Verde é Portugal. Somos povos irmãos". Os mindelenses provaram-me, uma vez mais, que a generosidade de quem nada tem não conhece limites (só no caso destes, os limites aos horários, à eficiência, à rapidez, e afins, o que num contexto de férias não nos pareceu assim tão mal!).
Santo Antão foi a segunda ilha de passagem e mostrou-nos paisagens que, sinceramente, nunca imaginei que existissem em Cabo Verde. A verdade é que nunca pensei que estas ilhas fossem, de facto, tão verdes e tão esplendorosas. Vales imensos a perder de vista, o corropio dos camponeses e a fome de terra dos pescadores. Mas o mar, esse que tanto me diz, sempre de fundo em tudo o que íamos fazendo.
E finalmente, Santiago, a ilha grande, a capital. A Praia é essa já uma cidade com tudo de bom e de mau que isso traz. Ali sente-se já um bocadinho mais o síndroma das cidades que vão crescendo, a impessoalidade dos gestos, os grupos mais reduzidos, o movimento das ruas. Mas o desejo de mar continua lá, a preguiça dos dias de sol, a alegria de quem parece viver eternamente de férias.
Saindo da Cidade da Praia, no entanto, tudo volta a ser como num documentário sobre lugares remotos do nosso planeta. Cheios de sede de aventura e vontade de explorar mais e mais, passámos pela pequena cidade da Assomada, onde fomos o centro das atenções, por vilas pequenas como S. Jorge e subimos ao pico do Boca Larga, onde pela primeira vez senti que chegara ao ponto último onde a terra se encontra com o paraíso. No Boca Larga ainda não há agua canalizada nem luz elétrica. A crianças brincam na rua e os seus melhores amigos são os animais do campo. Com muita certeza posso dizer que nunca vi crianças mais bonitas em nenhuma parte do mundo. Aliás, voltei com a suspeita de que o povo cabo-verdiano está no top 3 dos povos mais bonitos que habitam a terra. Ao fim de mais algumas viagens, poderei ter certezas mais concretas.
Assim fica mais um bocadinho de coração em pleno Oceano Atlântico, desta vez não em uma mas em várias ilhas, também elas, muito verdes. Ilhas de nha cretchéu, de simplicidade e harmonia. De cores, sabores, de um sol imenso e um mar turquesa a perder de vista.

Até já.