quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Promete-me.

Desembrulhei o teu último presente, meu amor. O último! Como é triste esta palavra: não me deixa esquecer que a partir de agora só a tua lembrança me resta. A tua lembrança e estas folhas onde vou deixando pedaços da minha alma.
Já sei o que estás a pensar, M. - que estou a ser pessimista, que há muita vida lá fora, que eu e esta sala pouco iluminada não fomos feitas uma para a outra. Prometi-te estar preparada para seguir em frente - é por isso que me deixas, como último presente, este livro intitulado “Promete-me”? - e eu sei o quanto odeias promessas quebradas. Bolas! Que raiva de te ter perdido, M.. Que raiva desta vida desgraçada que acaba antes do tempo. Que raiva, que ódio dessa maldita doença que nunca te roubou o sorriso, mas te roubou de mim! Que raiva de ti que me deixaste, M., e que raiva dessa tua mania de que eu sou mais forte do que penso. 
Perdoa-me, meu amor, mas eu não quero seguir em frente. Ainda tenho a tua garrafa de whiskey favorita: está na mesma estante onde a deixaste. E a tua almofada continua intacta - tenho a esperança que o teu odor perdure e me mantenha a ilusão de que nunca te foste embora. 
Acima de tudo, M., continuarei a escrever-te: é a única coisa que te prometo. Escrever-te-ei sempre e em cada momento, porque sei que me lês, onde quer que estejas, à tua maneira - criticando o meu dramatismo e o meu uso dos pontos finais. Mas só através destas linhas te posso continuar a dedicar a minha alma, meu amor. Serão os meus presentes eternos para ti!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Até sempre 2014. Olá 2015!

Gosto de balanços de fim de ano: de interiorizar e saborear as minhas vitórias, de refletir sobre as minhas derrotas e aprender alguma coisa com elas e de definir metas e objetivos para o novo ano que se aproxima.
2014 foi um ano muito generoso, como aliás 2013 também tinha sido. Trabalhei muito, sorri muito, beijei muito, amei muito, viajei muito. Chorei pouco. As poucas vezes que chorei, chorei de saudades. Dos meus, dos que estão longe e eu queria perto. Nunca se pode ter tudo.
Em 2014, a minha irmã, a pessoa mais importante da minha vida, realizou o sonho da vida dela. Ah! Lembro-me agora: também chorei de alegria no dia em que este sonho se tornou realidade.
Em 2014 o meu pai tornou-se mais saudável, deixando-nos a todos com o coração mais leve e mais cheio.
Em 2014, a minha irmã, que só não o é de sangue, deu-me uma das maiores alegrias da minha vida - não vou ser mãe, mas vou ser madrinha e este novo amor preenche-me mais a cada dia. 2015 trará a baby A. e todos seremos certamente mais felizes!
Em 2014, a minha amiga de sempre casou e quis-me pertinho para partilhar as alegrias desse momento e de outros que se têm seguido.
Em 2014, a minha mãe, para quem o ano foi um bocadinho duro, mostrou mais uma vez que é uma guerreira, uma força da natureza, uma alma sem par e sem comparação. Em 2014, como em todos os anos que virão, é a ela que vou buscar toda a minha força, toda a minha garra, em qualquer momento.
Em 2015 não peço muito mais do que o que pedi em 2014. Quero muita saúde para todos os meus: que os meus avós continuem a sorrir, que a baby A. chegue com muita luz, que as minhas irmãs continuem felizes, a aprender e a crescer muito com o que a vida lhes vai dando, que a minha mãe continue a defender-se com gargalhadas, que o meu pai e todos os seus vivam com muito amor e muita paz, que os meus amigos continuem por perto no coração e me deixem partilhar as suas (muitas!) alegrias e as suas (poucas!) tristezas.
Que o meu amor cresça muito, cada vez mais. Em 2015, quero partir de novo, de braço dado com ele. Porque queremos que "se o chão desabar nos leve aos dois".

Feliz 2015! "Saúde e paz, o resto a gente faz!"

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Escrever-te.

Amar-te.
E saber que nunca mais estaremos sós.
Caminharemos juntos, de braços entrelaçados, num futuro que escolhermos viver.
Aprender-te. Sonhar-te. Sorrir-te. 
Acordar ao teu lado e saber que, pelo menos aqui dentro, enquanto aqui estamos, o mundo gira no sentido certo.
Abraçar-te de manhã e apertar a tua mão ao adormecer.
Ter medo de te perder. E vontade de te viver!
Admirar-te.
Ver-te chegar ao final do dia e saber, meu amor, que nada me traz mais felicidade.
Por isso gosto de chegar antes de ti. Nesses momentos sei que apenas o amor pode trazer tanta luz.
Conhecer-te.
Saber o lugar que ocupas. E não duvidar nunca dos lugares que gostas de ocupar.
Prever os teus humores e acreditar, inocentemente, que te protejo dos teus temores.
Desejar-te.
Sempre e para sempre mais. 
Agradecer-te.
Pelo que veio e pelo que há-de vir. Pelo que és e pelo que serás.
Mas, sobretudo, pelo que me fazes ser e por me deixares acreditar que os sonhos comandarão a minha, a nossa vida.
Esperar-te. Encontrar-te. Viver-te. 
Sempre. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Pura poesia.

Tenho um sonho. Não. Tenho muitos sonhos. Muitos, enormes, muitos deles muito difíceis de concretizar. Nunca tive medo de sonhar.

Mas este sonho em particular tem-me desassossegado o espírito. Tem-me feito pensar que nada valerá a pena se um dia, tendo a oportunidade de refletir naquilo que foi a minha vida, chegar à conclusão que falhei a realização deste.

Quero ser escritora. Escritora de histórias e historinhas e romances que nunca acabam, porque quem os ler irá eternizá-los na memória e no coração.

Quero escrever à mão. Passar os meus dias só com o meu bloco de notas e a minha caneta e escrever até me doer o pulso. Guardar o que é meu só para mim. Dar aos outros o que é dos outros. Dar amor através das palavras e receber amor através da leitura.

Quero ser abraçada através das páginas preenchidas por mim. Dar uma vida nova a personagens que já são reais numa outra vida que não escolheram. Ou criar vidas totalmente novas, únicas como todas as vidas, mas em nada diferentes de todas as que já existem.

Quero viver em todas as cidades do mundo e construir caminhos entrelaçados nas minhas linhas. Quero criar amores e desamores em Lisboa, em Nova Iorque, em Pequim e em Nairobi.

Quero pertencer a 1814 e a 1929 do mesmo modo que 1989 me tem. Quero estar em todos os períodos de tempo que me fascinam e sobretudo em todos os que me assustam. Quero sonhar no passado e viver no futuro. E escrever agora.

Quero muito e acima de tudo que as minhas palavras, os meus textos e tudo o resto que eu for construindo, chegue aos meus descendentes. Que eles vejam mais com o coração do que com os olhos como eu tento sempre fazer, porque só assim se vê realmente bem.

E para além disto tudo, quero realizar coisas fantásticas, ver o que nunca vi e assistir à criação do que nunca foi criado. Quero muito e quero muito pouco:

O mesmo abraço de bom dia todos os dias da minha vida é, em si mesmo, pura poesia. Estará sempre muito dele em cada letra minha.

Até já.
Ana

domingo, 4 de maio de 2014

A minha mãe. A melhor de todas.

Ha pessoas que chegam ao mundo com uma missão e eu sempre soube que eras uma delas. A tua missão foi sempre a de dar tudo de melhor que há em ti aos outros. Deste tudo de ti sobretudo a duas pessoas em particular: nós, tuas filhas. E quando digo que deste tudo, quero dizer que nos deste inclusivamente toda a tua vida. Foste mãe e foste pai durante muitos anos e isso nem por um segundo te diminui a força, nem por um segundo te tirou o sorriso, nem por um segundo te permitiu fazer-nos sentir as tuas dores. Desde o primeiro dia das nossas vidas que tivemos uma fortaleza à nossa volta: tu. Contigo chocaram muitas coisas más e muito sofrimento, mas até nós só chegava uma ínfima parte deles. Até nós chegavam, na sua maioria, coisas boas, alegrias e conquistas que só tu, como ninguém, sabias partilhar connosco.
Foste tu a primeira a dar-me a mão quando, muito jovem ainda, quis sair dessa fortaleza e experimentar o mundo por mim própria. Foste a primeira a dizer-me "vai, sê feliz" e desde então te tornaste não só a melhor mãe que eu poderia ter, mas também a minha melhor amiga e a minha mais fiel companheira.
Disseste-me muitas vezes que não tinhas pretensões de ser a minha melhor amiga, porque ser mãe é diferente de ser amiga e ser mãe por si só já responsabilidade suficiente. Mas ao longo destes meus 25 anos, a verdade é que conseguiste ser mãe e amiga e companheira e confidente e muito mais do que isso.
Foi para o teu colo que corri quando tive os meus primeiros desgostos de amor. Foi à tua opinião que recorri quando me senti insegura. Foste a única pessoa que leu os meus diários. Continuas a ser a única pessoa a quem eu telefono todos os dias.
De ti herdei a resiliência e a capacidade de levantar a cabeça e enfrentar os problemas, quaisquer que eles sejam. Não herdei a tua gargalhada, essa ficou para a Inês, mas é a minha favorita e será sempre.
Não vou dizer que tenho saudades, isso tu já sabes e hoje não é dia para pensamentos tristes. Fica apenas a nota, uma vez mais, de que é um orgulho e um grande prazer ser filha de uma mulher tão fantástica, tão generosa, tão bem disposta e tão marcante. A vida não foi sempre tao boa contigo como tu foste com ela, mas isso é o que distingue os grandes e os audazes e pelo menos essa força nunca ninguém te tirará.

Tem um dia feliz, Mamã.
De uma filha babadíssima.

Até já!
Ana


segunda-feira, 31 de março de 2014

Tu, Inês.

Está quase no fim mais um dia teu. Se soubesses as saudades que eu tenho de te ouvir contar em decrescente, todos dias, nos três meses que antecedem o 31 de Março! E de organizar as surpresas à meia noite, de ver o teu ar feliz sempre que recebias um presente surpreendente. Acho que nunca conheci ninguém que gostasse tanto de fazer anos como tu. Acho não, desculpa. Tenho a certeza que não há ninguém assim.
Este blog está a tornar-se melancólico. Perdoem-me aqueles que ainda perdem meia dúzia de minutos para "me" ler, mas percebo cada vez mais que é a saudade o sentimento que mais me inspira. Paradoxalmente, é também o sentimento que eu mais detesto, porque é aquele que mais sinto fisicamente e que mais custa a passar. A saudade dói no corpo e na alma.
Mas hoje, como no ano passado, não quero ficar triste neste dia. Hoje quero celebrar, mesmo longe e com dores de saudades, a tua vida, a tua alegria e o orgulho que tenho em ti. Às vezes penso e não sei se tens a verdadeira noção do quanto me inspiras e da quantidade de coisas que eu faço por ti e a pensar em ti. Tenho a certeza que numa outra vida fomos só uma. Nesta dividiram-nos e tu ficaste com a melhor parte. Tens a genica, a alegria de viver, o entusiasmo e o brilho nos olhos da eterna criança que serás, mas vais-te tornando uma mulher fantástica, com garra de "Carneiro" e a coragem de "Leão" que sempre te protege.
Como te disse, muito poucas são as palavras que te posso dedicar. Elas nunca seriam suficientes, por mais que eu tentasse. Já vivemos muitas vidas e muitas mais estarão para vir, onde certamente muitas homenagens haverá a fazer.
A maior de todas, e tu sabes, virá quando eu conseguir finalmente escrever o meu livro, o meu maior sonho. A personagem principal será uma menina-guerreira, sem medos e sem rancores, em cujos olhos só passam lágrimas de alegria. Muitas serão as suas aventuras e muitas as montanhas que terá que escalar. Ainda não sei, porém, como vou conseguir, uma vez mais, transmitir tudo aquilo que tu és, por palavras, por muitas que elas sejam.
Só há uma coisa de que estou certa. No meu livro, como na vida, terás certamente um final muito feliz!

Parabéns miúda!
Até já.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Saudades.

Em dias importantes, como hoje, tenho crises agudas de saudades.

Em dias como hoje, a vontade que tenho é de largar tudo, dizer que não ao futuro planeado e certinho e correr para onde eu queria estar.

Em dias como hoje, eu queria só estar a festejar o teu aniversário contigo, à direita do teu lugar na mesa.
Queria rir-me com as pequenas e cantar as músicas do rádio a caminho de casa, com a minha cantora favorita.

Queria, no espaço de uma mensagem, estar em frente ao mar a comer um McFlurry do McDonalds da praia.

E em dias como amanhã, eu acordaria feliz e teria um abraço gigante de mãe e o colinho que está sempre tão longe.

Em dias como hoje, todas as conquistas parecem pequenas. A maior conquista seria ter isso tudo perto de tudo o resto.

Um beijo de emigrante saudosa a todos os que, de longe, me querem tanto bem!

Até já.