quinta-feira, 7 de junho de 2012

O começo de uma nova vida...

Cheguei à Irlanda há pouco mais de um mês. Aterrei no aeroporto de Dublin às 4 da tarde do dia 4 de Maio. Comigo viajou uma panóplia de sentimentos frequentes em quem sabe que uma mudança radical está muito perto: nos olhos ainda algumas lágrimas partilhadas com quem me viu partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, no sorriso a expectativa e a admiração por tudo o que, de novo, me ia surgindo. 
Dublin apresentou-se cinzenta, ventosa e com chuva, mas simpática, aberta, movimentada e cheia de vida. A primeira viagem de táxi arrancou-me algumas gargalhadas. Que divertido andar em "sentido contrário" e sentir que, de repente, um autocarro gigante nos vai bater de frente ou que a polícia vai surgir a qualquer momento para nos alertar do perigo público que constituimos!
Primeira noite, primeiro jantar em grupo. Portugueses simpáticos, calorosos e hospitaleiros também em busca de uma nova vida, de uma que seja melhor do que a que deixaram para trás. Segunda noite, nova confraternização "tuga" e apercebo-me da comunidade enorme que somos aqui. Somos felizes, temos garra, temos formação. "Não é difícil ficar", dizem-me. "Difícil é ir embora, depois de estares aqui". "Será?", penso eu. O coração ainda bate por Portugal e pelo que lá ficou, mas o presente é agora e preciso dele para construir o futuro que almejo. 
Chegar numa Sexta ajudou-me a relaxar, a pensar e a procurar casa com alguma calma. Não ficar num hostel por ter a sorte de alguém me acolher com tanta prontidão e disponibilidade foi também fundamental.
Não foi difícil encontrar um cantinho para mim. Percebi que era aquela casa assim que lá entrei. Centro da cidade, uma rua movimentada, uma sala acolhedora e um "flatmate" italiano e simpático constituiram os ingredientes fundamentais para a minha escolha. 
O primeiro dia de trabalho foi também fundamental na minha adaptação. Quem disse que os "Aiceps" não trabalham? Trabalham sim, desde manhã até ao final da tarde. A motivação sente-se no ar, o espírito é de luta, de determinação em contrariar o sentimento geral de conformismo com a situação que o nosso Portugal, o nosso querido Portugal, nos oferece. 
A pouco e pouco vou-me sentindo mais parte desta cidade, deste estilo de vida, desta alegria irlandesa que não se coaduna com o clima de Inverno em pleno Verão. Talvez porque este Inverno constante torna as pessoas mais próximas, mais frequentadoras de lugares comuns a todos, mais consumidoras de bebidas que aquecem a alma (e o resto do corpo!). São as pessoas que fazem os lugares e esta ilha verde consegue surpreender todos os dias pelo calor humano que transmite, pela agitação de todos os que aqui vivem e por receber tão bem todos aqueles que para aqui mudam as suas vidas.

Esperando que acompanhem as minhas aventuras com o mesmo entusiasmo com que as vivo...

Até já! :)

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