domingo, 19 de maio de 2013

Quando decobrimos o que há para lá do Mare Nostrum...

Uma vez que não posso tolerar a possibilidade de ser apelidada de info excluida ou anti-digitalmente-social, tenho que escrever um pequeno artigo sobre a minha recente viagem à Tunísia. As fotos, essas claro, já estão publicadas em local devido.

Agora a sério. Faço questão de escrever sobre esta viagem porque foi, mais do que uma semana de férias, uma experiência inesquecível. De entre muitas que tenho tido desde que a minha vida mudou tão radicalmente no dia 4 de Maio de 2012.

A Tunísia é o país mais pequeno do norte de África e tem aproximadamente a mesma população que Portugal. Factos chatos à parte, um país e um povo absolutamente deliciosos. Apaixonei-me várias vezes durante a viagem e fiquei com uma vontade imensa de explorar outros países africanos, onde a simplicidade parece ser tantas vezes sinónimo de felicidade. 

Assim que aterrámos em Tunis, percebi que estava numa dimensão radicalmente diferente de tudo o que já conhecia. É preciso frisar que esta foi a primeira vez que saí da Europa pelo que, estando tão verdinha nestas andanças, foi um choque para mim a competição cerrada entre os taxistas para cativarem um jovem casal de turistas a viajar no seu automóvel, o proprio automóvel que não está nem perto dos taxis confortáveis e bonitos a que tão complacentemente nos habituámos no "mundo desenvolvido", as ruas e a (des)organização de toda uma cidade que, ainda por cima, e a capital do país. Maravilhoso!

Não há espaço para carros, peões, bicicletas e outros veículos. Todos coexistem numa grande barafunda de sons e movimentos em que quem não conhece é como quem não vê. Não existem regras e quem olha para os semáforos é  daltónico. As rotundas fazem-se pela direita, mas se o senhor da mota a quiser fazer pela esquerda também pode ser. E os peões, esses podem optar entre caminhar pelo passeio ou pelo meio da estrada. Não há limites, o importante é chegar ao destimo que, muitas vezes, nem sequer existe na verdade. 

O combóio não chega ao final da linha. Não existem razões, não é preciso. O combóio pára, muda-se para o autocarro, ainda se volta para o combóio e o trajecto pode muito bem terminar de novo num autocarro que, claro, transporta muito mais pessoas do que a sua capacidade pressupõe. 

A comida tunisina, tal como as pessoas, é deliciosa, simpática, colorida e generosa. Não gosto do lugar comum e facil que assume que todos os magrebinos vivem para vender coisas de que ninguém precisa e enganar o turista. Não é verdade. Tentaram vender-me coisas com a facilidade com que me ajudaram. E mesmo quando me pediram dinheiro, ofereceram algo em troca: um tour pela medina, a visita a uma varanda com a melhor vista sobre a cidade, o lugar correcto no combóio e outras coisas afins. 

Adorei as praias e o mar (sobretudo porque tinha muitas saudades deles, uma vez que na verdade não são praias paradisiacas e, no geral, considero que em Portugal temos praias bem melhores), mas o expoente máximo da viagem foi indubitavelmente o Sahara. Enorme, vasto, muito quente e de uma tranquilidade inigualável. Nunca em toda a minha vida vi um céu tão bonito. Nunca ouvi um silencio tão profundo e tão reconfortante. 

E contactar com pessoas que, de facto, vivem em pleno deserto é incomparável. 
Somos minúsculos neste mundo tão grande. E que fantástica sensação é essa!

Aconselho a quem goste de viajar e ainda não teve a curiosidade suficiente para conhecer a Tunísia.
Mas, por favor, nao façam como os 7 milhoes de turistas que lá vão anualmente e saiam do resort. Vale mesmo muito a pena!

Entre tudo isto, passou um ano desde que cheguei à Irlanda. A única certeza que tenho é de que, quando cá cheguei, não podia imaginar que um ano depois escreveria algo parecido com este texto.

You'll only catch your dreams if you follow them!

Ate já,
Ana

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