quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Amo-te.

O melhor da vida é sentirmo-nos amados. Por aqueles que amamos e, não sejamos hipócritas, por outros também. Mas foquemo-nos no amor recíproco. Esse amor que nos faz bem, que nos cola um sorriso nos lábios ao acordar e que nos faz adormecer com o coração mais quentinho do que os pés.

Quando nascemos e durante a nossa infância, amor é tudo aquilo de que necessitamos para ser felizes. A certeza de que há ali uma figura de referência, seja uma mãe, um pai, um avô, uma avó, um tio, uma tia, que nos ama incondicionalmente, nos protege e assegura o nosso bem-estar emocional é, talvez mas não suficiente, mas fundamental para nos formarmos seres humanos capazes e competentes.

Nessa altura, a nossa própria capacidade de amar é muito maior do que em qualquer outra fase da vida. Encontramos nas pessoas que nos acompanham, os nossos heróis favoritos e vibramos com as gargalhadas deles, da mesma forma que sofremos com as suas lágrimas. O amor é uma coisa simples. Basta receber tudo de bom e o mesmo retribuiremos. "Filho és, pai serás", sempre ouvi dizer.

O problema é que quando crescemos, este amor absoluto parece, de repente, relativizar-se. Já não queremos dar tudo, porque há algo que deve sempre ficar para nós. E na verdade já não podemos dar tudo, porque não temos tempo. Amamos muitas outras coisas, de repente. Amamos o nosso trabalho, amamos a nova cidade onde vivemos, amamos os novos amigos que vão surgindo, amamos os outros que sempre vão ficando, amamos um novo alguém na nossa vida.

Aflige-me então que já não possamos dar tudo sempre, como acontecia antes. Aflige-me a aversão que temos ao uso de um "amo-te", sobretudo às pessoas que estão na nossa vida desde o início. Aflige-me as opções que vamos tomando e que nos roubam momentos que nunca saberemos se voltam. Tornamo-nos muitas vezes egoístas, porque sabemos que precisamos de amor em determinado momento, mas esquecemo-nos de perguntar se a pessoa que nos abraça não precisa, também ela de chorar, ou de rir muito até doer a barriga. Esquecemo-nos de dizer "obrigada por estares aqui". Forçamos o esquecimento daquele "amo-te" que nós próprios tanto gostamos de ouvir.

Por não saber por quanto tempo o poderei fazer, faço questão de amar muito, por palavras e actos, todos aqueles que durante toda a minha vida tanto me deram. Faço questão de dizer aos meus pais, às minhas três irmãs, aos meus avós, aos meus amigos, amigas e ao meu namorado, o quanto eles são fundamentais para o meu equilíbrio. O quanto a felicidade deles faz parte da minha também. O quanto a sua presença me falta.

Que nunca nos falte um "amo-te", um "gosto muito de ti" ou um "tenho saudades tuas".
Ainda por cima temos o privilégio de o poder dizer em Português.

Com amor,
Até já.

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